A Escola como todos mostramos saber tem de entre as suas competências uma, que nos dias de hoje, tem merecido inúmeros cuidados e atenções: a competência da educação/formação da criança. Inúmeros são os métodos de ensino/aprendizagem, diversas as estratégias, variados os recursos pedagógicos. Este será o cenário mais actual do obscuro panorama escolar. Obscuro, porque de entre o desejo de se melhorar e mostrar os avanços alcançados verifico a par de tudo isso a facilidade com que se escorrega pela rampa do encobrimento de situações dramáticas porque humanas. Assiste-se a uma atitude de tudo é permitido desde que ninguém veja ou saiba.
Sou da opinião de que as palavras também assassinam - então onde está o cuidado e a responsabilidade do que digo a uma criança? O que assisto é ao uso indiscriminado de vocábulos ofensivos e impróprios serem manuseados na boca de funcionários e professoras.
Sei por dificuldade que a realidade é hoje em dia bastante heterogénea de situações, ritmos e características, mas sei também que existe uma consciência da qual não nos podemos demitir - é a consciência colectiva. Com a individual cada um faz o que quer, mas na colectiva existe a máxima da responsabilidade de cada um que cala o errado porque teme o confronto, de cada um que ignora o distúrbio porque é mais fácil, de cada um que espera que o outro faça, em poucas palavras existe a máxima responsabilidade de não fingir que situações de violência infantil nos recreios de uma Escola são normais.
O horror quer instalar-se no coração e pensamento de algumas crianças da nossa Escola. Soluções não as tenho, mas sei que a resposta à violência não pode ser a violência verbal ou física, nem o fingimento de que tudo está bem.
Não está nada...Eu não quero entender porque não fazemos diferente há coisas onde o entendimento do espírito falha e o coração não consegue alcançar. Não adormeci o porquê, mas tenho medo da sua explicação. Porque é a explicação dos que já não sentem certamente...e eu quero sentir toda a vida...sentir que o medo apodrece os dons e a vida, que a violência é o grito macabro do pedido de socorro, de que o não envolvimento de quem de direito deve envolver-se nas questões é o registo mais ignorante do progresso humano.
Aqui as crianças sofrem. Os meninos no recreio são ameaçados por outros, batidos e umas vezes espancados, cuspidos e muitas vezes pouco atendidos por algumas funcionárias. Têm medo e eu também, porque tudo o que digo muito provavelmente não conseguirei provar, porque também os Pais muitas vezes não gritam pelo legítimo bem-estar dos filhos, mas tenho sobretudo porque a dor destas crianças não prova nada e eu não sei que mais posso fazer para que alguém aceite validar por escrito tudo o que digo e ainda tudo o que irei descobrir. Tenho Medo também, mas hoje tenho outra coisa ESPERANÇA.....
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