domingo, 17 de fevereiro de 2008

Não gostar de andar curvado

"Dava a impressão que olhava sempre de cima, mesmo quando falava com pessoas mais altas, como o meu pai, que às vezes não se continha. Lá está ela a falar por cima da burra. Mas também ele olhava assim. Dizem, aliás, que também herdei esse tique. Não é vaidade nem altivez. É uma atitude, um não gostar de andar curvado. Que era como muita gente naquele tempo andava: de olhos no chão, como se sempre de luto, em penitência. Era talvez a pobreza, a vida vidinha, o medo, o pouco."

in "Alma"

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